quinta-feira, 30 de junho de 2011

Doença sexualmente transmissível





Micrografia mostrando o efeito citopático do vírus da Herpes. Exame de Papanicolau.

Doenças sexualmente transmissíveis (ou DST) ou Infecção sexualmente transmissível (ou IST) é a designação pela qual é conhecida uma categoria de patologias antigamente conhecidas como doenças venéreas. São doenças infecciosas que se transmitem essencialmente (porém não de forma exclusiva) pelo contato sexual. O uso de preservativo (camisinha) tem sido considerado como a medida mais eficiente para prevenir a contaminação e impedir sua disseminação.
Vários tipos de agentes infecciosos (vírus, fungos, bactérias e parasitas) estão envolvidos na contaminação por DST, gerando diferentes manifestações, como feridas, corrimentos, bolhas ou verrugas.
Algumas DST são de fácil tratamento e de rápida resolução quando tratadas corretamente. Outras são de tratamento difícil ou permanecem latentes, apesar da falsa sensação de melhora. As mulheres representam um grupo que deve receber especial atenção, uma vez que em diferentes casos de DST os sintomas levam tempo para tornarem-se perceptíveis ou confundem-se com as reações orgânicas comuns de seu organismo. Isso exige da mulher, em especial aquelas com vida sexual ativa, independente da idade, consultas periódicas ao serviço de saúde.
Certas DST, quando não diagnosticadas e tratadas a tempo, podem evoluir para complicações graves como infertilidade, infecções neonatais, malformações congênitas, e aborto (no caso de gestantes), câncer e até a morte.










Sífilis é uma doença infecciosa causada por uma espiroqueta, que evolui lentamente em três estágios, caracterizada por lesões da pele e mucosas. Pode ser transmitida por contato sexual e mais raramente por contaminação feto-placentária. O Treponema pallidum é uma bactéria com forma de espiral (em média dá 10 a 126 voltas) e tem cerca de 54 micrómetros de comprimento mas apenas 0,2 micrómetros de astro autura. Correndo ao longo do eixo longotominal, tipo "sacolas".

Se não tratada adequadamente, a sífilis pode causar sérios danos ao sistema nervoso central (SNC) e ao coração. A sífilis sem tratamento pode ser fatal. Se o paciente suspeitar de uma infecção pela doença ou descobre que o parceiro sexual teve ou poderia ter tido sífilis, é muito importante que ele procure um médico o mais cedo possível.

Sífilis primária

A sífilis primária (cancro sifilítico) manifesta-se após um período de incubação variável de 10 a 90 dias, com uma média de 21 dias após o contato. Até este período inicial o indivíduo permanece assintomático, quando aparece o chamado "cancro duro".

O cancro é uma pequena ferida ou ulceração firme e dura que ocorre no ponto exposto inicialmente ao treponema, geralmente o pênis, a vagina, o reto ou a boca. O diagnóstico no homem é muito mais fácil, pois a lesão no pênis chama a atenção, enquanto que a lesão na vagina pode ser interna e somente vista através de exame com um espéculo ginecológico. Pode ocorrer linfonodomegalia satélite não dolorosa. Esta lesão permanece por 4 a 6 semanas, desaparecendo espontaneamente. Nesta fase a pessoa infectada pode pensar erroneamente que está curada. Ocorre disseminação hematogênica.

Sífilis secundária

A sífilis secundária é a seqüência lógica da sífilis primária não tratada e é caracterizada por uma erupção cutânea que aparece de 1 a 6 meses (geralmente 6 a 8 semanas) após a lesão primária ter desaparecido. Esta erupção é vermelha rosácea e aparece simetricamente no tronco e membros, e, ao contrário de outras doenças que cursam com erupções, como o sarampo, a rubéola e a catapora, as lesões atingem também as palmas das mãos e as solas dos pés. Em áreas úmidas do corpo se forma uma erupção cutânea larga e plana chamada de condiloma lata. Manchas tipo placas também podem aparecer nas mucosas genitais ou orais. O paciente é muito contagioso nesta fase.

Os sintomas gerais da sífilis secundária mais relatados são mal-estar (23%-46%), cefaléia (9%-46%), febre (5%-39%), prurido (42%) e hiporexia (25%). Outros, menos comuns, são dor nos olhos, dor óssea, artralgia, meningismo, irite e rouquidão.

Sífilis terciária

A sífilis terciária acontece já um ano depois da infecção inicial mas pode levar dez anos para se manifestar, e já foram informados casos onde esta fase aconteceu cinqüenta anos depois de infecção inicial.

Esta fase é caracterizada por formação de gomas sifilíticas, tumorações amolecidas vistas na pele e nas membranas mucosas, mas que podem acontecer em quase qualquer parte do corpo, inclusive no esqueleto .

Sífilis congênita

Sífilis congênita é a sífilis adquirida no útero e presente ao nascimento. Acontece quando uma criança nasce de uma mãe com sífilis primária ou secundária. Manifestações de sífilis congênita incluem alterações radiográficas, dentes de Hutchinson (incisivos centrais superiores espaçados e com um entalhe central); "molares em amora" (ao sexto ano os molares ainda tem suas raízes mal formadas); bossa frontal; nariz em sela; maxilares subdesenvolvidos; hepatomegalia (aumento do fígado); esplenomegalia (aumento do baço); petéquias; outras erupções cutâneas. A morte por sífilis congênita normalmente é por hemorragia pulmonar.

Tratamento

A sífilis é tratável e é importante iniciar o tratamento o mais cedo possível, porque com a progressão para a sífilis terciária, os danos causados poderão ser irreversíveis, nomeadamente no cérebro.

 


Clamídia

A clamídia é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pela bactéria Chlamydia trachomatis. Afeta os órgãos genitais masculinos ou femininos. Assim como os Vírus e as rickettsias, a clamídia é um parasita intrecelular obrigatório. Pode produzir esporos, o que torna sua disseminação mais fácil. A enfermidade causa dor durante a micção e pode ter como conseqüência a infertilidade.

Sintomas

Clamídia é conhecida como uma doença "silenciosa" porque em torno de 3/4 das mulheres e metade dos homens infectados não apresentam sintomas. Caso os sintomas apareçam, eles geralmente se manifestam entre 1-3 semanas depois da contaminação.

Nas mulheres a bactéria inicialmente infecta o cérvix e a uretra. Mulheres que apresentam sintomas podem ter secreções vaginais anormais e sensação de queimação ao urinar. Quando a infecção se espalha do cérvix aos tubos de falópio algumas mulheres ainda podem não apresentar nenhum sintoma, outras têm dores no abdômen inferior e na parte de baixo das costas, náusea, febre, dor durante o sexo e sangramento entre os ciclos menstruais. Infecção de clamídia no cérvix pode se espalhar para o reto.

Homens com sintomas podem ter secreções no pênis ou sensação de queimação ao urinar. Homens também podem ter queimação e coceira ao redor da abertura do pênis. Dor e inchaço nos testículos são incomuns.

Homens ou mulheres que tiveram intercurso anal receptivo podem adquirir infecção de clamídia no reto, o que pode causar dor na região, secreções ou sangramento. Clamídia também pode acontecer na garganta de homens e mulheres que tiveram sexo oral com parceiros infectados.

 Tratamento

Clamídia pode ser facilmente tratada e curada com antibióticos. Todos os parceiros sexuais devem ser avaliados, testados e tratados. Pessoas com clamídia devem abster-se de intercurso sexual até que elas e seus parceiros sexuais estejam completamente curados, do contrário a infecção pode ocorrer novamente. Ter múltiplas infecções de clamídia pode colocar a mulher sob alto risco de complicações reprodutivas, incluindo infertilidade.

Gonorreia

A gonorreia ou blenorragia é uma doença sexualmente transmissível (DST), causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, ou gonococo.

A N.gonorrhoeae é uma bactéria Gram-negativa, que à microscopia óptica tem forma de diplococos medindo cerca de 1 micrometro (são cocos assemelhados a um rim, e que se agrupam aos pares). O fator mais importante de virulência do gonococo é a existência de pílios e da proteína. Estas estruturas permitem à bactéria permanecer aderente à mucosa do tracto urinário, resistindo ao jato da micção. O gonococo infecta principalmente as células cilíndricas da uretra, poupando geralmente a vagina e útero, cujos epitélios são de células escamosas.

Transmissão

A principal forma de contagio é pelo ato sexual quando a(o) companheira(o) estão contaminados; no parto normal, se a mãe estiver infectada, ou por contaminação indireta se, por exemplo, uma mulher usar artigos de higiene íntima de uma amiga contaminada (evento considerado raro). Há casos raros de contágio em vasos sanitários, se houver um ferimento proeminente na vulva feminina e por contágio através de uso de artefactos contundentes ou agulhas infectadas. Mulheres grávidas com gonorréia correm riscos de perder o feto.

Progressão e Sintomas

O intervalo de tempo entre a contaminação e o surgimento dos sintomas e o período de incubação é curto, de 5 a 10 dias, excepcionalmente podendo alcançar 10 dias, em casos extremamente raros pode chegar a 30 dias.

Normalmente o mais comum no homem é a ardência ao urinar ou disúria acompanhada de febre baixa e o aparecimento de um corrimento amarelo e purulento saindo da uretra. Por isso é também conhecida como uretrite gonocócica. Das mulheres, 70% não apresentam sintomas (perigoso porque podem se desenvolver complicações sem tratamento). Nas restantes é comum ocorrerem dores ou disúria ao urinar, acompanhada de Incontinência Urinária (urina solta) e corrimento vaginal. Uma complicação perigosa é consequência de disseminação para o tracto genital superior, com dores abdominais após algumas semanas da contaminação, a DIP – Doença Inflamatória Pélvica. Esta é devida a infecção do útero, tubas uterinas e cavidade abdominal. Pode resultar em infertilidade.

No homem pode haver prostatite, epididimite e raros casos de infertilidade. Na mulher a infecção gonocócica não costuma se manter na vagina devido às defesas naturais, por ser este um ambiente ácido. Já a uretra, o colo do útero e glândulas da vulva são habitualmente atingidas pelo gonococo em face da concepção orgânica de cada pessoa e dobras naturais que favorecem a proliferação das bactérias. Nas trompas ocorre a invasão progressiva acompanhada de reação inflamatória, podendo produzir abscessos ou obstruções severas. Na região da vulva pode afetar a Glândula de Bartholin, ocasionando as chamadas Bartholinites: essa inflamação deixa a vulva sensível e perigosamente exposta a novas infecções. Em alguns casos raros não tratados o gonococo pode se disseminar através da circulação, afetando principalmente a pele, articulações, cérebro, válvulas cardíacas, faringe e olhos.

Artrie devida à Gonorreia

 Conjuntivite gonocócica

Causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, instala-se nos olhos originando a conjuntivite gonocócica, no recém nascido, denominada Oftalmia neonatorum. No adulto ela ocorre por auto inoculação. Para evitar esta complicação que deixa a criança cega, utiliza-se antes um antibiótico como a tetraciclina, eritromicina ou ceftriaxone, logo após o nascimento. No parto, também pode ocorrer gonorreia nos órgãos sexuais do recém nascido, no entanto, a maioria das crianças com gonorreia são infectadas através do abuso sexual.

 

 

Aspecto típico de um esfregaço uretral com Neisseria gonorrhea

Diagnóstico
O diagnóstico é basicamente clínico, não havendo necessidade de exames laboratoriais específicos. Porém, se houver necessidade como, por exemplo, estudos epidemiológicos. O mais eficiente é o chamado coleta "in vitro" ou local - o que já não é utilizado ha muitos anos. Atualmente com uma cultura de secreção uretral é possível saber com segurança se está ou não infectado. O material é colhido através de um "swab" (uma longa haste com pedaço de algodão na ponta)e logo após é transposto em um campo de cultura e após 72 horas o especialista conta a quantidade de bactérias por mm² indicando assim o grau de contaminação do(a) paciente.
O gonococo tem aparência típica à microscopia e necessita de 10% de CO2 no meio para se multiplicar.

Tricomoníase

Trichomonas vaginalis em preparação corada pelo Giemsa .
O T. vaginalis é um protozoário oval ou piriforme, anaeróbio facultativo, flagelado, e que possui movimento contínuo característico. É responsável por cerca de 10 a 15% dos corrimentos genitais infecciosos.

 Sintomas

O T. vaginalis infecta principalmente o epitélio escamoso do sistema genital. Nas mulheres, a doença pode começar com uma secreção espumosa de cor verde-amarelada e odor desagradável, proveniente da vagina; este corrimento típico, contudo, ocorre em apenas cerca de 20% das pacientes. Nas demais, a referida secreção é apenas ligeira ou ausente. A vulva (os órgãos genitais femininos externos) pode estar irritada e dolorida, e é possível que o coito também cause dor (evento chamado dispareunia de intróito), devido à vaginite. Nos casos graves, a vulva e a pele que a rodeia inflamam-se, bem como os grandes e pequenos lábios. Outros sintomas são dor ao urinar (disúria) ou um aumento na frequência das micções (polaciúria), que se assemelham aos de uma infecção do trato urinário baixo. Ao exame, o cérvice uterino apresenta um aspecto de colpis macularis (descrito como aspecto de morango ou framboesa). Dor abdominal pode ser indicativa de infecção do trato urogenital superior. Citologicamente, displasia e metaplasia do tecido cervical podem ser induzidas pelo parasita.
Nas infecções crônicas, os sintomas são discretos e o corrimento vaginal, pouco intenso; estas formas são de grande importância na propagação da doença.
Os homens com tricomoníase não manifestam habitualmente sintomas (estado assintomático), mas podem infectar as suas parceiras sexuais. Alguns apresentam uma secreção proveniente da uretra, espumosa e semelhante ao pus, sentem dor ao urinar (disúria) e polaciúria (estado agudo). Os referidos sintomas costumam ter lugar principalmente de manhã cedo. A uretra pode sofrer uma ligeira irritação e por vezes aparece umidade no orifício do pênis. Pode também se manifestar como doença sintomática leve e clinicamente indistinguível de outras causas de uretrites.

Complicações

Estudos demonstraram que o T. vaginalis favorece a transmissão do HIV, tanto pelas lesões e sangramento de mucosa que produz, como pela estimulação de reação inflamatória, atraindo para o local infiltração de leucócitos, inclusive Linfócitos T CD4+ e macrófagos (células alvo do HIV). Além disso, está associado a bebês de baixo peso e nascimentos prematuros em mulheres infectadas. Predispõe mulheres à Doença Inflamatória Pélvica, câncer de cévix uterino e infertilidade. Já foi descrita a sua associação com ruptura prematura de membrama amniótica, endometrite pós-parto, adesão e oclusão tubária (levando à infertilidade), e até feto natimorto e morte neonatal.
No homem, a infecção do epidídimo, que causa dor testicular, é possível. A próstata também pode infectar-se, mas o papel do T. vaginalis na patogenia das prostatites não é muito claro. Pode resultar infertilidade.

Diagnóstico

No caso das mulheres, o diagnóstico geralmente estabelece-se em poucos minutos, examinando uma amostra da secreção vaginal ao microscópio. No caso dos homens, é necessária a coleta de secreção uretral por meio de Zaragatoa ou alça de platina, preferencialmente pela manhã, quando a secreção é mais abundante. A massagem prostática pode auxiliar na sua detecção. O material deve ser analisado imediatamente.
Em ambos os sexos, pode fazer-se também o diagnóstico através da coleta de urina de primeiro jato, a qual é imediatamente concentrada por meio de centrifugação, e analisada em preparações a fresco à microscopia óptica (o parasita tem aspecto e motilidade característicos) ou em preparações coradas.
Linfogranuloma venéreo
Caracteriza-se pelo aparecimento de uma lesão genital (lesão primária) e que se apresenta como uma ulceração (ferida) ou como uma pápula (elevação da pele). Seu período de incubação varia de 7 a 30 dias. A transmissão mais frequente dá-se através da relação sexual. O reto de pessoas cronicamente infectadas é reservatório de infecção.

Quadro clínico

O Linfogranuloma venéreo caracteriza-se pelo aparecimento de uma lesão genital de curta duração (de três a cinco dias), que se apresenta como uma pequena ferida ou como uma elevação da pele. Essa lesão é passageira e, muitas vezes, não é identificada, passando despercebida pelos pacientes.
Após um período de duas a seis semanas, surge um inchaço doloroso dos gânglios de uma das virilhas, denominado bubão, que é mais perceptível nos homens. Se esse inchaço não for tratado adequadamente, evolui para o rompimento espontâneo e formação de feridas que drenam pus.
Entre a contaminação e o surgimento do bubão, podem ocorrer sintomas gerais discretos, como febre e dores musculares e articulares.
Devido à fibrose dos gânglios e consequente dificuldade de drenagem linfática, pode ocorrer a elefantíase dos órgãos genitais. Na mulher, o comprometimento de gânglios ao redor do reto pode levar ao estreitamento retal.
Complicações
Tratamento
Para o tratamento são utilizados medicamentos à base de antibióticos que, entretanto, não revertem sequelas, tais como o estreitamento do reto e a elefantíase dos órgãos sexuais. Quando necessário, também é feita a aspiração do bubão inguinal. O parceiro também deve ser tratado.
Herpes
O herpes é uma doença viral recorrente, geralmente benigna, causada pelos vírus Herpes simplex 1 e 2, que afeta principalmente a mucosa da boca ou região genital, mas pode causar graves complicações neurológicas. Traz muitos incômodos, não tem cura, mas alguns remédios podem ser utilizados para diminuir os sintomas.

Progressão e sintomas

Após infecção da mucosa, o vírus multiplica-se produzindo os característicos exantemas (manchas vermelhas inflamatórias) e vesículas (bolhas) dolorosas (causadas talvez mais pela resposta destrutiva necessária do sistema imunitário à invasão). As vesículas contêm líquido muito rico em vírus e a sua ruptura junto à mucosa de outro indivíduo é uma forma de transmissão (contudo também existe vírus nas secreções vaginais e do pênis ou na saliva). Elas desaparecem e reaparecem sem deixar quaisquer marcas ou cicatrizes. É possível que ambos os vírus e ambas as formas coexistam num só indivíduo.
Os episódios agudos secundários são sempre de menor intensidade que o inicial (devido aos linfócitos memória), contudo a doença permanece para toda a vida, ainda que os episódios se tornem menos freqüentes. Muitas infecções e recorrências são assintomáticas.

Herpes Oral ou Labial

Herpes labial
A infecção por herpes simples 1 normalmente é oral, mas pode ocorrer da pessoa ter o vírus e apenas eclodir dias, meses ou ate anos depois e produz gengivoestomatite (inflamação das gengivas) e outros sintomas como febre, fadiga e dores de cabeça. O vírus invade os terminais dos neurónios dos nervos sensitivos, infectando latentemente os seus corpos celulares no gânglio nervoso trigeminal (junto ao cérebro). Quando o sistema imunitário elimina o vírus das mucosas, não consegue detectar o vírus quiscente dos neurônios, que volta a ativar-se em períodos de debilidade, como estresse, trauma, imunossupressão ou outras infecções, migrando pelo caminho inverso para a mucosa, e dando origem a novo episódio de herpes oral com exantemas e vesículas dolorosas.
Complicações raras são a queratoconjuntivite do olho que pode levar à cegueira e à encefalite. Esta cursa com multiplicação do vírus no cérebro, especialmente nos lobos temporais com convulsões, anormalidades neurológicas e psiquiátricas. É altamente letal, e 70% dos casos resultam em morte, apenas 20% dos sobreviventes não apresentam sequelas neurológicas. Raramente é causada pelo HSV2.

 Herpes Genital

A infecção com o herpes simples 2 é semelhante (10% dos casos são por HSV1, o que se atribui ao aumento da prática do sexo oral). Há infecção da mucosa genital, no homem na glande do pênis, na mulher na vulva ou vagina, com exantemas e sensibilidade dolorosa. Também pode ocorrer no ânus. Outros sintomas são febre, mal-estar, dores musculares e de cabeça, dores ao urinar e corrimento vaginal ou da uretra no pênis. A maioria das infecções no entanto é assintomática.
Simultaneamente ocorre a invasão dos neurônios sensitivos com migração no interior dos axônios para os corpos celulares nos gânglios nervosos lambosacrais. Aí ficam em estado de latência sem se reproduzir, indetectáveis enquanto os virions ativos da mucosa são destruídos pela resposta citotóxica imunitária. Após período de debilidade voltam a migrar pelos axônios para a mucosa e estabelecem novo episódio doloroso típico. As recorrências podem ser de todos os meses a raras.
Os episódios de recorrência são menos intensos e freqüentemente antes da erupção das vesículas há irritação (comichão) da mucosa. O vírus é transmitido mesmo na ausência de sintomas.
As complicações são mais raras e mais moderadas quando ocorrem somente na forma labial. Um tipo de complicação específico do HSV2 é a meningite, que é pouco perigosa, sendo a encefalite muito rara. Contudo, se a mãe infecta o recém-nascido via ascensão pelo útero na gravidez ou no nascimento, a infecção é especialmente virulenta, devido ao sistema imunitário ainda pouco eficaz do bebê. A mortalidade e probabilidade de deficiências mentais são significativas, apesar de ocorrer numa minoria dos casos.  Herpes pode ser mortal.

Hepatite B

A hepatite B é uma doença infecciosa frequentemente crónica causada pelo vírus da Hepatite B (HBV). É transmitida sexualmente ou por agulhas com sangue infectado e pode progredir para cirrose hepática ou cancro do fígado (hepatocarcinoma). O vírus da hepatite B é um vírus que só ataca células já infectadas pelo HBV piorando o prognóstico dos doentes com hepatite B crônica.

Progressão e sintomas

O período de incubação da doença vai de 30-180 dias,enquanto que o periodo da infecção vai de 2-12meses. Segue-se em 25% dos casos uma hepatite de progressão rápida com episódio agudo caracterizado por icterícia (pele e conjunctiva dos olhos amarelas), febre, falta de apetite (anorexia), mal estar, urina cor de vinho do porto (também descrita como semelhante a coca-cola), (colúria), náuseas e comichão(também são relatados casos de urticária e rash cutâneo em membros inferiores). Cerca de 75% poderão ser assintomáticos mas mesmo assim em risco de desenvolvimento de cronicidade. Estes sintomas duram de duas semanas a três meses. O que sucede a seguir depende da resposta do sistema imunitário. Se os linfócitos T citotóxicos forem agressivos, a doença é resolvida e o doente curado. Se forem muito agressivos, pode ocorrer hepatite fulminante e morte. Se a resposta for insuficiente, ocorre estado de portador ou hepatite crónica. O sistema imunitário ineficaz e ainda em desenvolvimento dos neonatos leva a que 90% deste grupo desenvolva cronicidade.
A sobreinfecção pelo vírus da hepatite D pode transformar o curso benigno de uma hepatite B numa doença altamente agressiva (curso fulminante mortal) e piora o prognóstico daqueles que já têm curso progressivo, diminuindo a sua esperança de vida.

 Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da hepatite B deve não só identificar as pessoas com anticorpos contra a doença, mas também diferenciar aqueles que já tiveram a doença aguda, mas estão nessa altura curados, dos com hepatite crónica que necessitam de vigilância e tratamento. São usadas técnicas elaboradas de detecção de antigénios e anticorpos diferentes que surgem em diferentes estágios da doença. O episódio agudo é diagnosticado pela detecção no sangue de antigénios HBs e HBe, e anticorpos anti-HBc além de transaminases (enzimas que existem no interior dos hepatócitos e só saem para o sangue com destruição destes: indicadores de hepatite) simultaneamente. A infecção passada resolvida caracteriza-se por anticorpos anti-HBs e anti-HBc do tipo IgG. A imunidade efectiva da vacina é determinada pela detecção de anticorpos anti-HBs do tipo IgG, mas não anti-HBc. O doente crónico apresenta no sangue antigénios HBe e HBs altos e anticorpos anti-HBc do tipo IgG mas não anti-HBs. Além disso, pode ter transaminases elevadas (hepatite activa) e testes para a presença de vírus no sangue (PCR) positivos.
Não há tratamento eficaz para a hepatite B. A única medida é a prevenção pela vacina, que é eficaz. A vacina é constituída pelos antigénios HBs, sem nenhuma partícula viral. Administra-se por inoculação. Se a pessoa após alguns meses apresentar anticorpos anti-HBs em suficiente número, não necessitam de mais injecções, mas aqueles com menor resposta requerem novas inoculações, até três, espaçadas. Em muitos países é obrigatória. Cerca de 5% dos indivíduos que receberam a vacina poderão não estar mesmo assim efectivamente imunes.
Não há vacina contra HDV, mas como só infecta doentes crónicos com HB a vacina do HBV é protectora. Em doentes com hepatite B, a única prevenção é a abstinência de comportamentos de risco: sexo promíscuo e uso de seringas partilhadas.

Aids (HIV)

Transmissão

O vírus é mais frequentemente transmitido pelo contacto sexual (característica que faz da AIDS uma doença ou infecção sexualmente transmissível), pelo sangue (inclusive em transfusões), durante o parto (mãe para o filho), durante a gravidez ou no aleitamento. Por isso é importante que todas as mulheres grávidas façam testes para HIV. No Brasil, é uma prática comum aconselhar gestantes que chegam ao hospital a fazer todos os testes de doenças transmissíveis verticalmente.
No Brasil, em 2002, a cobertura de exames de HIV em grávidas foi estimada em 52%, sendo pior no Nordeste com 24% e melhor no Sul com 72% de cobertura. Somente 27% seguiram todas as recomendações do Ministério da Saúde. Ter maior escolaridade e morar em cidades com mais de 500 mil habitantes foram os melhores preditores de grávidas que fazem todos os exames.  Ainda relativo ao Brasil, o Ministério da Saúde oferece gratuitamente o leite substituto em alguns postos de saúde, hospitais e farmácias cadastrados.
No caso de transmissão pelo sangue, é mais provável por seringas compartilhadas entre usuários de drogas ou caso seja feita reutilização.
A transmissão pelo beijo é altamente improvável (estimado em menos de 0,01% de probabilidade), pois o vírus é danificado por 10 substâncias diferentes presentes na saliva. Além disso existem poucas células CD4 na boca. Ter boa higiene oral e tomar os medicamentos diminui as possibilidades ainda mais. Mesmo em pessoas com AIDS (carga viral no sangue por volta de 100.000/ml) é difícil encontrar rastros de HIV na saliva.

Sinais e sintomas

Infecção aguda inicial

Assim que se adquire o HIV, o sistema imunológico reage na tentativa de eliminar o vírus. Cerca de 15 a 60 dias depois, pode surgir um conjunto de sinais e sintomas semelhantes ao estado gripal, o que é conhecido como síndrome da soroconversão aguda.
A infecção aguda pelo HIV é uma síndrome inespecífica, que não é facilmente percebida devido à sua semelhança com a infecção por outros agentes virais como amononucleose, gripe, até mesmo dengue ou muitas outras infecções virais. Mas os sintomas mais comuns da infecção aguda são:
Além disso, muitos desenvolvem linfadenopatia. Faringite, mialgia e muitos outros sintomas também ocorrem.
Em geral esta fase é auto-limitada e não há sequelas. Por ser muito semelhante a outras viroses, dificilmente os pacientes procuram atendimento médico e raramente há suspeita da contaminação pelo HIV, a não ser que o paciente relate ocorrência de sexo desprotegido ou compartilhamento de seringas, por exemplo. Entretanto, na fase aguda inicial, mesmo sem tratamento adequado, os sintomas são temporários.

Progressão

Os pacientes poderão ficar assintomáticos por um período variável entre 3 e 20 anos e alguns nunca desenvolverão doença relacionada ao HIV. Este fato relaciona-se com a quantidade e qualidade dos receptores de superfície dos linfócitos e outras células do sistema imune. Tais receptores (os principais são o CD4, CCR5 e CXCR4) funcionam como fechaduras que permitem a entrada do vírus no interior das células: quanto maior a quantidade e afinidade dos receptores com o vírus,maior será a sua penetração nas células, maior a replicação viral e maior velocidade de progressão para doença.
Foi criada então uma classificação não muito rígida:
  • Rápido progressor (adoece em até 3 anos)
  • Médio progressor (adoece entre 4 e 7 anos)
  • Longo progressor (entre 8 e mais anos)
Estas características são determinadas por fatores genéticos e outros fatores desconhecidos. Não obstante, os hábitos e a qualidade de vida podem ser determinantes da velocidade de progressão da doença, tendo em conta o impacto de fatores como tabagismo, alcoolismo, toxicodependência, estresse, alimentação irregular e outros.
A velocidade de progressão está relacionada com a queda da contagem de linfócitos T CD4 no sangue (a contagem normal dos linfócitos varia de 1.000 a 2.500 células/ml de sangue) e com a contagem da carga viral do HIV (a contagem da carga viral é considerada alta acima de 100.000 cópias/ml de sangue. A escala para carga viral é habitualmente logarítmica. Com o tratamento adequado, a carga viral tende a ficar abaixo de 50 cópias/ml.
O HIV destrói os linfócitos CD4 gradativamente (em média a contagem declina 80-100 células/ml/ano). A contagem relaciona-se inversamente com a gravidade da doença. Para fins de tratamento com as drogas anti-retrovirais consideram-se os seguintes parâmetros:
  • Abaixo de 200 células/ml: Muito vulnerável, tratar imediatamente;
  • Entre 200 e 350 células/ml: Vulnerável, deve ser iniciado o tratamento para evitar riscos;
  • Entre 350 e 500 células/ml: Pouco vulnerável, pode começar a critério médico;
  • Acima de 500: Saudável, não precisa começar o tratamento.
Porém todos os pacientes com doença oportunista relacionada ao HIV devem ser tratados mesmo com CD4 alto.

Doenças oportunistas

Os sinais e sintomas das doenças relacionadas ao HIV são extremamente variáveis. Uma característica importante é a contagem de linfócitos T CD4. As doenças oportunistas mais comuns que podem sinalizar a contaminação por HIV são: Os sintomas destas doenças são muito parecidos e somente um médico com experiência e em local com apoio laboratorial poderá fazer o diagnóstico e tratamento de cada uma delas. EM CASO DE SUSPEITA SEMPRE DEVEMOS PROCURAR UM MÉDICO. Não é possível predizer que doença acometerá o paciente.